A seguinte história conta um encontro diferente e um desfecho interessante.
Espero que goste e boa leitura!
ENCONTRO
Quando acordei, o sinal para o começo
da aula já havia tocado, meus colegas de sala se sentavam em seus lugares e na
frente da sala, ao lado do professor, havia uma pessoa que eu nunca tinha visto
antes e ela olhava fixamente para mim.
O aluno novo era atraente e tinha um ar
rebelde, seus cabelos loiros estavam bagunçados e ele usava brincos, as outras
garotas suspiravam apaixonadas por ele.
- Esse é o Igor, a partir de hoje ele
estudará conosco então ajudem ele a se enturmar. Vejamos, Igor, sente-se
naquela última mesa. – O professor apontou para a carteira do meu lado, por que
do meu lado?
Antes dele vir se sentar ao meu lado,
seus olhos varreram a sala de um lado ao outro e então nossos olhos se cruzaram
e ele ficou me encarando. Ficou me encarando até se sentar em seu lugar, quando
ele se sentou o professor começou a aula, mas ele não parava de me olhar. Será
que ele me odeia? Será que tem algo no meu rosto? Ou será que ele se apaixonou
por mim?
Ele me olhava como se estivesse me
analisando, pensativo, definitivamente não estava apaixonado por mim. Resolvi
acenar, ele fechou a cara e começou a olhar para a frente, pelo visto vai ser
um longo ano.
Ao final da aula todas as garotas se
reunirão em volta do Igor e o bombardearam de perguntas, ver esse tipo de cena
me incomodava então me levantei e sai da sala, pouco antes de eu fechar a
porta, ouvi uma cadeira ser arrastada.
Me sentei encostado na grade de
segurança do terraço e comecei a comer meu almoço, o tempo estava agradável, um
céu azul límpido, várias nuvens brancas e um sol brilhante, sem contar a brisa
suave que mantinha a temperatura amena.
Minha paz e tranquilidade foram
interrompidas com o som de uma porta se abrindo, quando olhei para quem havia
acabado de chegar, me surpreendi, era o aluno novo. Ele parecia procurar algo
ou alguém, olhou ao redor, me viu e veio direto em minha direção.
- Ei, você. – Ele soou ríspido e firme.
Olhei em volta, confusa. Apenas apontei
para mim mesma e olhei para ele.
- É, você. Só tem você aqui. Quem é
você?
- Eu sou a Rafaela, sento do seu lado
na sala de aula. – A propósito, sou uma garota, tehe.
- Hum.
A expressão dele começou a suavizar,
mas continuou pensativo, então ele se decidiu.
- É, vou te ajudar. Há algo que você
gostaria de realizar?
- Por que a pergunta?
- Porque decidi realizar seus desejos.
- Mas por que você iria fazer uma coisa
dessas?
- Porque meu mestre me ensinou que devo
ajudar todos aqueles ao meu alcance. Alguns mais que outros.
- Ah, entendo. – Mentira, eu não
entendi nada, ele tem um parafuso a menos? Ou simplesmente ele é alguém altruísta?
- Qual é a dessa cara? Está duvidando
de mim?
- Não, não é isso. – Sim, estou. – Mas é
que é muito difícil alguém vir e se oferecer para realizar desejos de outra
pessoa sem conhece-la ou sem segundas intenções.
- Não se preocupe, não tenho segundas
intenções. Então, o que você gostaria de fazer?
Muito difícil de acreditar nele, nem
nos conhecemos e ele me propõe isso? Suspeito.
- Por enquanto, terminar de comer.
- Ok, e depois? Há algum desejo do
fundo do seu coração que você gostaria de fazer?
- Escuta, por que você quer tanto
realizar meus desejos?
- Você ainda não percebeu? Você é mais
lenta do que eu imaginei.
- Do que você está falando?
- Por que mais alguém iria querer fazer
outra pessoa feliz?
- Porque você é uma pessoa altruísta?
Ele me olhou com uma expressão
desacreditada e levou a mão a testa enquanto balançava a cabeça.
- O que foi?
- Nada não. Quando você pensar no que
quer fazer, venha falar comigo na sala. – Dito isso, ele se virou e voltou para
dentro do prédio.
Sério, o que diabos ele quer comigo?
Por que realizar o desejo de uma completa estranha? Ainda mais se ele não é altruísta,
será que ele acha que está fazendo um ato de boa ação se realizar meu desejo?
Não, isso seria muita hipocrisia e não
acho que ele seja esse tipo de pessoa. Para dizer a verdade, ele parece ser do
tipo que partiria para a briga com qualquer um que o olhasse torto.
Bom, não adianta ficar pensando nisso,
vou voltar para a sala.
Quando me levantei, minhas pernas
perderam as forças e eu cai de bunda no chão, comecei a ficar tonta, minha
visão ficou turva e o céu limpo começou a ficar avermelhado, um grunhido ecoou algo
atrás de mim, consegui virar a cabeça e me deparei com um monstro gigantesco de
apenas um olho.
Ele tinha pelo menos a altura de um
prédio de três andares, seus braços eram longos e finos, totalmente
desproporcional com seu corpo grande como uma bola, seu único olho brilhava um
vermelho escarlate e sua boca era costurada, mas isso não o impedia de sorrir
de forma ameaçadora.
Fiquei paralisada de medo, a primeira
coisa que me veio à mente era que eu iria morrer. Por algum motivo, ninguém do
prédio da escola havia reparado nesse gigante, não, eu não ouvia nenhum som,
nem de pássaros então eu nem estava mais no mundo real.
Ótimo, irei morrer sozinha nesse mundo
estranho, belo final.
O monstro então me viu, inclinou a
cabeça e então esticou o braço para tentar me pegar. Sua gigantesca mão me
agarrou como se fosse brinquedo, ele me analisou, sacudiu, cheirou e até me
lambeu, o que achei estranho, pois, sua língua passou pela costura como se
fosse incorpórea, mas a sensação húmida e melada da língua era bem corpórea.
Pelo visto meu gosto o agradou porque
ele me levantou acima da cabeça e se preparou para me jogar goela abaixo.
Parece que esse é o fim da minha história, espero que vocês tenham gostado e
tudo o mais... brincadeira!
Sim, realmente achei que era o fim, mas
então quando a criatura me soltou, algo ou alguém me pegou no ar e me levou
para o topo do prédio ao lado, quando vi quem era me surpreendi, era o garoto
novo.
- Você está bem? Ainda bem que eu não
voltei para a sala.
Eu apenas fiquei olhando para ele,
surpresa com o que acabara de acontecer, ele pulou de um prédio ao outro, me
pegou no ar e nem se quer ficou sem folego ou cansado.
- Fique aqui, volto em um instante.
Dito isso, ele pulou em direção ao
monstro, puxou um pedaço de papel para sua frente, recitou algo e uma espada de
luz surgiu em sua mão, e ele a usou para cortar o gigante ao meio em um único
golpe.
Após derrotar o monstro, ele retorna
para me buscar e voltamos para o colégio. Enquanto voltávamos para o terraço o
céu voltou ao normal, como se tudo não tivesse passado de um pesadelo.
- Você está bem? – Perguntou enquanto
me colocava no chão.
Apenas consegui acenar com a cabeça.
- Certo. Bem, agora vou voltar mesmo
para a sala.
- Espera. – Finalmente eu consegui
dizer algo. – O que foi aquilo?
- Hum.
- Seja sincero comigo.
- Ok, aquilo era um andarilho, uma alma
que não quis partir para o outro mundo e acabou criando uma realidade
alternativa e você foi sugada para essa realidade alternativa pelo fato de você
possuir um forte poder paranormal.
Certo, quando pedi para ele ser
sincero, não imaginava que ele despejaria tanta informação em mim. Fiquei
parada tentando entender o que ele disse pois aquilo não fazia sentido. Eu? Uma
pessoa com forte poder espiritual? Tá, paranormal, que seja, impensável. Eu sou
apenas uma garota comum que vive sua vida diariamente sem chamar a atenção dos
outros, apesar que normalmente eles me ignoram.
Definitivamente deve ter sido um sonho,
é, é isso, ele está zoando com minha cara. Até porque um estudante do ensino
médio nunca conseguiria dar um salto daqueles, a não ser que ele tenha usado
algum acessório.
O monstro? Efeitos especiais, talvez
algo mecânico foi utilizado para me segurar, mas o resto foi tudo efeito especial,
certeza absoluta.
Eu devia estar fazendo uma cara
estranha pois ele começou a rir do nada.
- O que foi? Por que está rindo?
- É sua cara, aposto que você não
acredita no que eu disse e está tentando arrumar qualquer explicação científica
para isso.
- Você por acaso lê mentes agora?
- Não, mas não é preciso ler mentes
para saber o que você está pensando. E outra, se você não acredita em tudo que
falei, então você não deveria acreditar em si mesma. – Subitamente sua
expressão ficou séria, isso me deu medo.
- O que você quer dizer com isso?
- Você é um fantasma.
- Desculpa, não entendi. Juro que você
falou que eu sou um fantasma.
- Você ouviu certo. Você é um fantasma,
uma alma penada, está mortinha da silva.
- Por isso você queria realizar algum
desejo meu.
- Sim, para que você possa prosseguir
no seu caminho para o outro lado.
- Isso também explica porque sou
constantemente ignorada, e que nunca me chamam na chamada.
- Se você tiver algum último desejo,
posso lhe garantir isso, mas também posso te ajudar a seguir adiante sem
precisar realizar desejo algum. Qual vai ser?
- Olha, acho que vou continuar por
aqui, na terra.
- Mas se você continuar aqui, virará um
andarilho e se isso acontecer, eu terei que te eliminar.
- Então quando chegar a hora, que seja.
Você é a primeira pessoa que fala comigo a tempos então eu gostaria de
aproveitar, seja meu amigo, vamos aproveitar o resto do tempo que me resta,
pode contar isso como um último desejo também. O que acha?
Igor pensou, então sorriu decidido.
Pelo visto eu sou muito boa em negociar.
Desde então vivemos no mesmo apartamento
e por eu ser apenas um espírito ninguém achou isso estranho, a não ser os
colegas exorcistas, se é que posso chama-los disso, que apareciam de vez em
quando na nossa casa.
Fim.
Sério, é o fim da história. E foi assim
que eu o conheci. Chega né? Agora saia daqui, antes que eu te jogue em uma
realidade alternativa. ~sorriso~
Fim.
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