Já aviso, o que vocês lerão a seguir é apenas uma história curta com os momentos bons de alguém muito sortudo.
Boa leitura.
CINEMA
“Por que diabos eu resolvi vir ao cinema sozinho?”, pensei assim que comprei os ingressos.
O shopping estava
lotado, assim como o cinema. Cheio de casal demonstrando seu afeto um pelo
outro como se fossem as últimas horas deles. Claro que também tinha aqueles
grupos de adolescentes que achavam que estavam arrasando com o visual, mas
estavam pagando um mico dos grandes. Ou aquelas famílias com bebes e crianças
que choram e fazem birra para qualquer. Acreditava que era o único que viria assistir
aquele filme sozinho, mas me enganei.
Eu tinha
bastante tempo até a sessão começar, então fui passar o tempo na livraria do
shopping. Pelo menos lá tinha uma livraria decente, mas como o restante do
shopping, ela estava lotada. Entrei na loja e segui direto para a parte dos
livros infanto-juvenis, onde costumo achar livros interessantes, foi nessa
sessão que eu achei aqueles livros sobre mitologia grega os quais li, amei e
recomendo.
Nenhum livro
novo, muitos não me chamavam a atenção, vários outros eu já conhecia e os
possuía, poucos eram estranhos para mim, estranhos e interessantes, mas não a
ponto de compra-los. Continuei olhando os livros, fui para a sessão de
Informática, diversos livros de auto estudo que juravam transformar você em um hacker seja lá em qual linguagem de
programação você escolher, alguns que mostravam como criar sites, outros a
criar e gerenciar redes de computadores, coisas interessantes mas que requerem
bastante tempo.
Segui para a
sessão dos jogos de vídeo games, tudo que eu podia fazer nessa sessão era olhar
e desejar, pois vídeo game é algo realmente caro e para uma pessoa como eu,
seria um item de luxo. Sorte a minha que eles deixam um vídeo game ligado com
um jogo para os clientes fazerem um test
drive no jogo e no console. Joguei por um tempo e logo perdi a vontade,
deixei para os demais clientes terminarem a luta.
Antes de eu
sair da livraria, eu havia reparado em uma cosia: uma garota estava sozinha e,
por coincidência, estava sempre na mesma sessão que eu. Eu sei, paranoia minha,
mas algo me deixava inquieto. Tinha algo estranho no ar, e eu não havia soltado
gases.
Fui para a
praça de alimentação que fica do lado oposto da livraria, olhei de relance para
trás e vi a mesma garota indo para a praça também. Deve ter ficado com fome também, pensei comigo mesmo. A praça de
alimentação tinha várias opções de comida, resolvi ser gordo e ir comer junk food, hambúrguer e batata frita. O
atendimento foi rápido, e como eu estava sozinho, um lugar para sentar não foi
difícil de se encontrar.
Me sentei em
uma mesa no meio da praça, os lugares ao meu lado estavam todos ocupados,
apenas o lugar na minha frente estava vazio então a coincidência, ou não, mais
estranha aconteceu. Lembram daquela garota que eu pensei estar me seguindo?
Então, ela apareceu na minha frente e perguntou se o lugar estava vago, eu
disse que sim e ela se sentou.
Cara, eu
achei que estava ficando paranoico, mas então minha mente começou a viajar,
comecei a pensar que ela estava a fim de mim, vê se pode! Comecei em pensar em
formas de iniciar uma conversa com ela, minha imaginação se encarregava de me
dar um fora em todas as opções que eu pensava.
Olá, eu diria, não fale comigo, ela me responderia.
Desculpe, mas você estava na livraria agora a pouco
né?, eu perguntaria, você estava me espiando? Eu vou chamar a segurança, responderia
ela.
Esse lugar tem um lanche maravilhoso, eu observaria, nem tanto,
cortaria ela.
É, nenhuma
abordagem promissora. Resolvi comer em silêncio, para não causar situações
constrangedoras para mim mesmo. Mas o destino é muito sacana com quem fica
quieto, dois caras vestidos de moletom tamanho extra g, calças presas em seus
joelhos e tênis largo se aproximaram da garota.
- E ai,
gata. Topa um “rolê” com nós? – Perguntou o gangster 1.
- É, bora
dar um “rolezinho” pelo “shoppz”, gata, só nós três. Vai ser divertido. –
Sorriu maliciosamente o gangster 2.
A garota os
ignorou, o que não pareceu ser a ação correta pois os gangsters trocaram
olhares e começaram a ficar mais exaltados.
- “Qualé”
gata, não finge que não ouviu a gente. – Insistiu o gangster 2.
- Vamos
logo.
O gangster 1
agarrou o braço da garota, mas ela se soltou dele jogando o braço para o outro
lado. O gangster 2 foi para o outro lado dela e agarrou seu outro braço e dessa
vez ela não conseguiu se soltar.
Instantaneamente
eu me levantei e os três olharam para mim. Retribui o olhar e então resolvi
falar algo.
- Er...
Podem parar de incomoda-la? Ela está comigo. – Sorri.
Os dois
caras se olharam e sorriram.
- Aposto que
você não se importa dela dar um passei com a gente, né? – Perguntou gangster 1.
- Claro que
me importo, ela está comigo. – O que diabos eu estou fazendo? Acho que vou
morrer hoje.
- Cara, por
que você não vai embora e finge que não está rolando nada aqui? – O gangster 2
começou a ficar bravo, isso não é legal.
- Olha, não
posso fazer isso, temos um compromisso e vocês estão nos importunando. Se não
nos deixarem em paz, chamarei a segurança. – Ameacei eles, é, estou louco.
Eles se
olharam novamente e pareceu que entraram em um consenso. Soltaram a garota e
foram embora. Ufa, não morrerei hoje.
Olhei para a
garota, ela me olhava com uma expressão de gratidão.
- Você está
bem? – Perguntei.
- Sim,
obrigada. – Respondeu a garota.
Sorri para
ela e continuei comendo, ela voltou a comer também. Esperei ela terminar de
comer e me levantei com ela, acompanhei ela para jogar o lixo fora e fomos em
direção ao cinema, os gangsters não estavam mais naquele andar.
- Bom, eu
tenho uma sessão de cinema agora. Acho que eles não irão mais te perturbar –
Disse a ela um pouco inseguro.
- Uma sessão
agora? Que filme você vai ver? – Quis saber a garota.
- Aquele. –
Apontei para um cartaz próximo. – Ouvi dizer que é muito bom, então vim
sozinho. Estranho né, vir no cinema sozinho. É algo bem diferente.
- Nem tanto,
eu também vim sozinha assistir a esse filme. E minha sessão é agora também.
- Sério? Em
que lugar você está sentada? – Perguntei enquanto suspeitava da resposta.
- M 10.
- Não
acredito.
- O que?
- Eu estou
na M 11.
- Sério? Que
legal! Que coincidência. Bom, pelo menos agora não estaremos mais sozinhos para
assistir o filme. – Ela riu de forma descontraída. Até que ela era fofa rindo.
- Pois é,
vamos então? A sessão está para começar.
- Vamos.
A garota
então segurou na minha mão, eu a olhei e ela me olhou sorrindo. É, coincidência ou não, vou aproveitar esse
momento, pensei enquanto entravamos na sala do cinema.
Fim.
Ownt 😚😄
ResponderExcluirOwnt 😚😄
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