sexta-feira, 3 de junho de 2016

CINEMA

Como esses dias eu fui ao cinema, resolvi escrever uma história curta envolvendo esse tema.

Já aviso, o que vocês lerão a seguir é apenas uma história curta com os momentos bons de alguém muito sortudo.

Boa leitura.


CINEMA

“Por que diabos eu resolvi vir ao cinema sozinho?”, pensei assim que comprei os ingressos.
O shopping estava lotado, assim como o cinema. Cheio de casal demonstrando seu afeto um pelo outro como se fossem as últimas horas deles. Claro que também tinha aqueles grupos de adolescentes que achavam que estavam arrasando com o visual, mas estavam pagando um mico dos grandes. Ou aquelas famílias com bebes e crianças que choram e fazem birra para qualquer. Acreditava que era o único que viria assistir aquele filme sozinho, mas me enganei.
Eu tinha bastante tempo até a sessão começar, então fui passar o tempo na livraria do shopping. Pelo menos lá tinha uma livraria decente, mas como o restante do shopping, ela estava lotada. Entrei na loja e segui direto para a parte dos livros infanto-juvenis, onde costumo achar livros interessantes, foi nessa sessão que eu achei aqueles livros sobre mitologia grega os quais li, amei e recomendo.
Nenhum livro novo, muitos não me chamavam a atenção, vários outros eu já conhecia e os possuía, poucos eram estranhos para mim, estranhos e interessantes, mas não a ponto de compra-los. Continuei olhando os livros, fui para a sessão de Informática, diversos livros de auto estudo que juravam transformar você em um hacker seja lá em qual linguagem de programação você escolher, alguns que mostravam como criar sites, outros a criar e gerenciar redes de computadores, coisas interessantes mas que requerem bastante tempo.
Segui para a sessão dos jogos de vídeo games, tudo que eu podia fazer nessa sessão era olhar e desejar, pois vídeo game é algo realmente caro e para uma pessoa como eu, seria um item de luxo. Sorte a minha que eles deixam um vídeo game ligado com um jogo para os clientes fazerem um test drive no jogo e no console. Joguei por um tempo e logo perdi a vontade, deixei para os demais clientes terminarem a luta.
Antes de eu sair da livraria, eu havia reparado em uma cosia: uma garota estava sozinha e, por coincidência, estava sempre na mesma sessão que eu. Eu sei, paranoia minha, mas algo me deixava inquieto. Tinha algo estranho no ar, e eu não havia soltado gases.
Fui para a praça de alimentação que fica do lado oposto da livraria, olhei de relance para trás e vi a mesma garota indo para a praça também. Deve ter ficado com fome também, pensei comigo mesmo. A praça de alimentação tinha várias opções de comida, resolvi ser gordo e ir comer junk food, hambúrguer e batata frita. O atendimento foi rápido, e como eu estava sozinho, um lugar para sentar não foi difícil de se encontrar.
Me sentei em uma mesa no meio da praça, os lugares ao meu lado estavam todos ocupados, apenas o lugar na minha frente estava vazio então a coincidência, ou não, mais estranha aconteceu. Lembram daquela garota que eu pensei estar me seguindo? Então, ela apareceu na minha frente e perguntou se o lugar estava vago, eu disse que sim e ela se sentou.
Cara, eu achei que estava ficando paranoico, mas então minha mente começou a viajar, comecei a pensar que ela estava a fim de mim, vê se pode! Comecei em pensar em formas de iniciar uma conversa com ela, minha imaginação se encarregava de me dar um fora em todas as opções que eu pensava.
Olá, eu diria, não fale comigo, ela me responderia.
Desculpe, mas você estava na livraria agora a pouco né?, eu perguntaria, você estava me espiando? Eu vou chamar a segurança, responderia ela.
Esse lugar tem um lanche maravilhoso, eu observaria, nem tanto, cortaria ela.
É, nenhuma abordagem promissora. Resolvi comer em silêncio, para não causar situações constrangedoras para mim mesmo. Mas o destino é muito sacana com quem fica quieto, dois caras vestidos de moletom tamanho extra g, calças presas em seus joelhos e tênis largo se aproximaram da garota.
- E ai, gata. Topa um “rolê” com nós? – Perguntou o gangster 1.
- É, bora dar um “rolezinho” pelo “shoppz”, gata, só nós três. Vai ser divertido. – Sorriu maliciosamente o gangster 2.
A garota os ignorou, o que não pareceu ser a ação correta pois os gangsters trocaram olhares e começaram a ficar mais exaltados.
- “Qualé” gata, não finge que não ouviu a gente. – Insistiu o gangster 2.
- Vamos logo.
O gangster 1 agarrou o braço da garota, mas ela se soltou dele jogando o braço para o outro lado. O gangster 2 foi para o outro lado dela e agarrou seu outro braço e dessa vez ela não conseguiu se soltar.
Instantaneamente eu me levantei e os três olharam para mim. Retribui o olhar e então resolvi falar algo.
- Er... Podem parar de incomoda-la? Ela está comigo. – Sorri.
Os dois caras se olharam e sorriram.
- Aposto que você não se importa dela dar um passei com a gente, né? – Perguntou gangster 1.
- Claro que me importo, ela está comigo. – O que diabos eu estou fazendo? Acho que vou morrer hoje.
- Cara, por que você não vai embora e finge que não está rolando nada aqui? – O gangster 2 começou a ficar bravo, isso não é legal.
- Olha, não posso fazer isso, temos um compromisso e vocês estão nos importunando. Se não nos deixarem em paz, chamarei a segurança. – Ameacei eles, é, estou louco.
Eles se olharam novamente e pareceu que entraram em um consenso. Soltaram a garota e foram embora. Ufa, não morrerei hoje.
Olhei para a garota, ela me olhava com uma expressão de gratidão.
- Você está bem? – Perguntei.
- Sim, obrigada. – Respondeu a garota.
Sorri para ela e continuei comendo, ela voltou a comer também. Esperei ela terminar de comer e me levantei com ela, acompanhei ela para jogar o lixo fora e fomos em direção ao cinema, os gangsters não estavam mais naquele andar.
- Bom, eu tenho uma sessão de cinema agora. Acho que eles não irão mais te perturbar – Disse a ela um pouco inseguro.
- Uma sessão agora? Que filme você vai ver? – Quis saber a garota.
- Aquele. – Apontei para um cartaz próximo. – Ouvi dizer que é muito bom, então vim sozinho. Estranho né, vir no cinema sozinho. É algo bem diferente.
- Nem tanto, eu também vim sozinha assistir a esse filme. E minha sessão é agora também.
- Sério? Em que lugar você está sentada? – Perguntei enquanto suspeitava da resposta.
- M 10.
- Não acredito.
- O que?
- Eu estou na M 11.
- Sério? Que legal! Que coincidência. Bom, pelo menos agora não estaremos mais sozinhos para assistir o filme. – Ela riu de forma descontraída. Até que ela era fofa rindo.
- Pois é, vamos então? A sessão está para começar.
- Vamos.
A garota então segurou na minha mão, eu a olhei e ela me olhou sorrindo. É, coincidência ou não, vou aproveitar esse momento, pensei enquanto entravamos na sala do cinema.


Fim.

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