sexta-feira, 6 de maio de 2016

SONHO?

Já teve a sensação de que estava sendo observado? Já? Pois com o personagem dessa história, ele gostaria de ter tido apenas essa sensação.

Uma história bem "wtf", espero que gostem.

Boa leitura.

SONHO?

Você já teve a sensação de que está sendo observado? Não? Pois bem, é uma coisa muito estranha, pense que você está de boa, sentado em uma praça com diversos repórteres tirando foto de você e gravando tudo que você está fazendo, desde respirar até quando você coça a cabeça, é, é algo assim a sensação de ser observado.
Perguntei isso porque passei por uma situação complicada dias atrás. O que? Quer saber que situação foi essa? Bom, vou contar, mas não me julgue, para mim aquilo foi muito esquisito.
Era madrugada de quinta, eu estava em casa, mexendo no pc, sabe como é né, madrugada é uma ótima hora para jogar sem ninguém te incomodar, ninguém para gritar com você falando que você não fez tal coisa. Enfim, eu estava lá, jogando, ganhando várias partidas de Counter-Strike, tanto é que eu estava surpreso com as consecutivas vitórias, geralmente eu perco mais do que ganho.
Então aconteceu, pelo canto do olho pensei ter visto algo, não passava de um metro de altura, a maior parte era branco, mas no topo era amarelado, quase um dourado. Olhei rapidamente para o lado, mas não havia nada ali, achei que estava vendo coisas, afinal quase três horas da madrugada, eu provavelmente estava ficando com sono já.
Como não vi nada de estranho, voltei a jogar, mas novamente pelo canto dos olhos eu vi aquilo de novo, dessa vez mais nítido, parecia uma garota, ou mesmo uma boneca, usava um vestido branco cheio de babados e seu cabelo era liso e de um louro quase dourado, sua pele era branca, mas não pálida.
Ok, eu realmente estava vendo coisas. Meu cérebro estava pregando peças, mandando eu ir dormir e quem sou eu para discutir com meu cérebro? Quando a partida terminou, sai do jogo, desliguei os monitores e fui em direção ao meu quarto, como estava tudo escuro, utilizei da luz do meu celular para me guiar, passei a luz no canto onde eu vi a garota/boneca e levei um susto, ela ainda estava lá. Tornei a iluminar o local, mas ela havia desaparecido. Ok, ok, estou indo dormir cérebro, pensei.
Parei por alguns segundos, olhando o canto da sala, respirei fundo e contei até dez, o que o sono não faz, não? Assim que meu coração começou a bater mais lentamente, tornei a ir em direção ao meu quarto, soltei alguns bocejos e cocei minha lombar, abri a porta do quarto e entrei, coloquei meu celular em cima da mesa da televisão e tirei meus óculos, coloquei eles na mesa também, peguei meu celular e fui em direção a minha cama... em direção a minha cama... cadê minha cama?
Quando me dei conta eu não estava mais em meu quarto, e sim em um lugar completamente desconhecido, apesar que ainda parecia ser um quarto, mas um bem velho e abandonado. O lugar tinha uma fraca claridade, provavelmente por causa da luz da lua que entrava pelas janelas destruídas. Olhei para a porta atrás de mim e vi que eu não estava mais em minha casa, fui sequestrado por aliens! Não, espera, isso é absurdo, se fossem aliens mesmo então eu não estaria de pé, provavelmente eu estaria deitado em alguma cama, sendo examinado e blá blá blá. Mas esse não era o caso.
Percorri o lugar com meus olhos, o que vi me fez lembrar de um quarto de hospital, papel de parede cinza e todo rasgado, uma cama com grades para evitar que quem deitasse ali não caísse, um sofá todo destruído encostado próximo a cama e duas portas, uma por onde entrei e a outra deve ser a do banheiro.
Um estalo soou atrás da porta que provavelmente dava para o banheiro, levei um baita susto por causa disso, mas ainda assim me forcei a ir em direção do estalo, abri a porta lentamente e estava tudo escuro do outro lado. Soltei minha respiração, peguei meu celular e liguei a luz, apontei a luz para dentro do lugar e vi uma garotinha vestida com uma camisola azul claro aberta nas costas, ela estava descalça e estava encolhida do lado oposto a porta.
Olá, gaguejei, você está bem?
Sem resposta.
Fui em direção a garota e ao me aproximar coloquei minha mão direita sobre o ombro dela então ela virou-se subitamente e o que eu vi me fez gritar igual a uma menininha, ela não tinha rosto, mas tinha uma boca arredondada que cobria seu rosto, camadas circulares de dentes até um ponto negro bem no meio, provavelmente era o fim da boca e o começo da garganta dela. Saltei para trás enquanto gritava, ela se levantou e começou a caminhar em minha direção, quando se aproximou de mim, ela pegou minha mão e eu a ouvi, uma voz meiga e triste.
Você não deveria estar aqui, moço.
De onde vinha a voz, eu não fazia ideia, pois a boca arredondada não se mexeu quando ouvi a voz. Telepatia, talvez?
Vá embora, antes que ele volte.
Ele quem, jovem?, perguntei, mesmo sabendo que provavelmente eu não receberia uma resposta.
Corra.
Então tudo ficou preto e quando a iluminação da lua voltou, ela havia sumido. Certo, hora de correr daqui. Me levantei e fui em direção a porta que supostamente me levaria para fora daquele quarto, abri ela e me surpreendi novamente, a porta dava em outra sala, dessa vez era uma sala bem mais fria, com algumas lâmpadas funcionando e na parede oposta da porta havia várias gavetas de metal com cerca de quarenta centímetros quadrados, talvez?
Tive um péssimo pressentimento de o que poderia ter nessas gavetas, mas mesmo assim fui em direção a elas. Me afastei alguns metros da porta e ela bateu com força atrás de mim, me virei assustado, mas ao ver que não havia nada atrás me senti aliviado então voltei minha atenção a parede de gavetas de metal.
Ao me aproximar das gavetas, me lembrei o que possivelmente teria dentro delas e isso me fez ficar parado por alguns instantes pensando se deveria ou não as verificar. A porta atrás de mim provavelmente estava trancada então a única saída seria olhar essas gavetas. Bom, era um total de dez gavetas, uma delas teria algo útil.
E com esse pensamento positivo segui adiante e abri a primeira gaveta, nada. Soltei o ar de alivio, eu esperava um esqueleto ou algum corpo humano que se levantaria e me agarraria, mas ainda bem que não tinha nada, agora para as outras nove gavetas.
Segunda gaveta, respirei fundo e abri, sorte grande, um corpo de uma mulher, ou pelo menos parecia ser uma mulher, tinha seios, não tinha a metade de baixo e seu rosto havia sido retirado, deixando apenas um crânio com carne apodrecendo. Ah, esqueci de mencionar que o cheiro daquela sala era insuportável. Fechei a segunda gaveta e fui para a terceira.
A terceira foi mais tranquila, tinha só uma cabeça de uma boneca em escala real e com detalhes assustadoramente reais, fechei a gaveta e fui para a próxima.
Ok, nessa gaveta eu tirei zero na rolagem de dados de RPG, ou seja, uma falha critica. Deitado dentro da gaveta quatro havia um homem alto, havia algumas laminas de serra para cortar madeira encravadas em seu rosto e ele vestia uma roupa de couro preto, ele pareia estar dormindo ao invés de morto.
Fiquei encarando ele e então seus olhos abriram e senti como se minha alma fosse sugada para dentro dele, empurrei a gaveta para fecha-la e me afastei o mais rápido que pude. O som de algo batendo em metal soou vindo da gaveta, ele acordou e quer me matar, ótimo plano abrir as gavetas e acordar seu assassino.
Tentei abrir a porta, mas ainda continuava trancada então resolvi fazer algo que não costumamos ver em filmes de terror, abri todas as outras gavetas. Das seis que faltava, três estavam fazias, uma tinha uma criança deitada em posição fetal, na outra tinha a parte de baixo de um homem, acho que essa era a parte de baixo daquela mulher, bem, homem, sei lá. E na última gaveta, uma surpresa, não havia nada dentro dela, apenas um buraco e um túnel que levava diretamente para baixo. Bom, escolha difícil, morrer pelas mãos do cara de laminas ou por alguma coisa dentro do buraco, optei pelo buraco.
Escorreguei pelo túnel pelo que parecia horas até cair de bunda em uma montanha de algo duro e sair deslizando por uns bons três metros, olhei para trás para ver em que aterrissei e não me surpreendi, uma pilha de ossos, típico.
Levantei-me e massageei minha bunda, que estava dolorida, então olhei em volta e vi uma porta dupla de madeira quase destruída jogada ao lado de uma passagem que possivelmente era onde essa porta ficava, alguém havia arrancado a porta do lugar.
Saí pela passagem e me deparei em um salão gigantesco, pilares de pedra empilhadas, o salão lembrava uma daqueles estágios de luta do Mortal Kombat. Do outro lado do salão havia outra porta, a saída espero. Fui em sua direção e quando cheguei no meio do salão a porta é escancarada e um palhaço apareceu.
Ele vestia aquelas roupas largas de peça única cheia de bolinhas coloridas, um sapato gigantesco, luvas brancas com gotas azuis em cada dedo e seu rosto me era familiar, o nariz era vermelho, usava batom quase de uma orelha a outra, sempre sorrindo sem mostrar os dentes, em volta dos olhos estava totalmente preto e atravessando do meio da testa até chegar ao lado da base do nariz haviam duas pinturas que pareciam espadas azuis.
Um palhaço, pensei, acho que consigo fugir.
Então o som de algo ou alguém aterrissando de bunda na pilha de ossos na outra sala ecoou pelo salão, acho que o cara de serra me seguiu. E novamente ponto para mim, olhei para trás e lá estava ele, em pé tinha quase quatro metros, medonho. Por algum motivo, seu olhar não estava direcionado para mim, e sim para o palhaço em minha frente.
O palhaço ficou encarando ele, será que ia acontecer o que eu acho que ia acontecer? O cara de serra começou a correr em minha direção assim como o palhaço e, espera, desde quando ele estava carregando um facão?
Sai da frente deles indo para o mais longe possível e vi uma cena impressionante, o cara de serra havia jogado algumas serras no palhaço, que as desviou usando seu facão e quando se chocaram, o cara de serrava segurava duas serras circulares como se fosse soco inglês e ambas as serras estavam segurando o facão do palhaço.
O cara de serra joga os dois punhos, junto com o facão do palhaço, para a esquerda e ao mesmo tempo chuta o palhaço com sua perna direita, o palhaço desvia se abaixando e quando se levanta, já lhe aplica um soco com a mão esquerda, fazendo o cara de serra se afastar alguns passos.
Eles ficam se olhando, o palhaço começa a rir e a pular revezando as pernas, o cara de serra avança novamente, mas o palhaço lhe dá um chute de direita e utilizando a força do giro, aplica um golpe com o facão vindo de cima para baixo em direção ao pescoço do cara de serra, o que para o azar do palhaço foi um golpe em vão, afinal algumas serras saiam do pescoço dele.
Cara de serra pega o palhaço pelos calcanhares e os puxa, fazendo-o cair, então ele monta no palhaço e começa a socar ele com seus punhos de serra.
Enquanto eles brigavam, aproveitei a oportunidade para sair de fininho pela porta que o palhaço entrou, e acabei saindo no meio de uma clareira, no meio de uma floresta. Uivos soaram não muito distante de onde eu estava, olhei em volta e comecei a correr para o lado oposto dos uivos, não que isso iria servir para algo.
Não conseguia ver direito por onde eu corria, pois a floresta era um pouco densa e a luz da lua, ou sol, não conseguia penetrar entre os galhos então acabei tropeçando em uma raiz, caindo de cara no chão.
Rápido, por aqui, uma voz conhecida me apressou.
Olhei para o lado e vi a garota com cara de boca de verme, ela sinalizava para eu segui-la e então entrou dentro de uma árvore. Certo, porque entrar dentro de uma árvore é super normal. Me levantei e entrei na árvore também, dentro a árvore era oca e espaçosa, parecia um daqueles armários que ficam debaixo da escada, sabe?
Quando fui perguntar algo a ela, a garota cobriu minha boca e então ouvi folhas sendo amassadas e grunhidos de lobos, na frente de onde havíamos nos escondido, um grupo de cinco lobisomens pararam e começaram a farejar, aposto que estavam me procurando. Um deles olhou diretamente para nós, mas então balançou a cabeça e saiu correndo, os demais o seguiram.
Saímos do esconderijo olhando os lobisomens correndo para longe, me virei para agradecer a garota, mas ela havia sumido novamente, odeio quando ela faz isso. Olhei em volta pensando em qual direção seguir, bom, duas direções definitivamente eu não seguiria, o caminho da esquerda em que os lobisomens foram e o caminho da direita que eu vim, então segui o caminho do meio para baixo.
Caminhei um pouco até que uma cabana surgiu no meio das árvores, suspeito, mas eu já estava cansado de andar então fui até ela. Andei em volta para ver se não tinha nada perigoso e quando decidi que não podia ser pior do que já estava, entrei na cabana.
A cabana estava totalmente escura e a única luz era a luz da lua que vinha da porta, caminhei para dentro, um passo, dois passos, três passos e então um barulho alto ecoou nas minhas costas, me virei e a luz havia sumido, a porta havia batido e se fechado, voltei para a porta para tentar abri-la, mas ela havia sumido.
Me virei para a escuridão, meu coração batendo forte, eu conseguia ouvir minha respiração e meu coração batendo. Respirei fundo e comecei a andar lentamente rumo ao desconhecido então quando eu menos esperava, uma pancada. Bati meu dedinho do pé direito em alguma coisa, no reflexo estiquei meu braço esquerdo para me apoiar e acabei apertando um botão e uma luz se acendeu então me vi no meu quarto, eu havia chutado o criado mudo que ficava do lado de minha cama.
Olhei em volta para ter certeza que eu realmente estava em meu quarto, fiquei pensando e refletindo sobre as coisas que vi, desisti, dei de ombros e fui dormir. Mal eu sabia que do lado de fora do meu quarto, os monstros que eu havia visto estavam lá, olhando com curiosidade o novo mundo para o qual eles foram libertados.

Fim.

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