Boa leitura!
UM NOVO
COMEÇO?
Essa é a história de como eu morri.
Vamos começar pelo princípio, quem sou eu. Me chamo
Kenji e tenho 20 anos. Não trabalho e nem estudo, sou o que chamam de “perdido
na vida”. Jogar online é o que melhor faço, tanto que até resolvi arriscar a
sorte gravando vídeos enquanto jogo, o que me rendeu uma certa popularidade na
internet. Bom, minha apresentação acabou então comecemos a minha história.
Meu dia começou normal, como todos os outros dias
desde que eu me formei no ensino médio, acordei perto do meio dia e logo fui
mexer no computador e já me conectei no jogo online que costumo jogar.
Apareci na cidade principal do jogo, uma cidade
grande cheio de casa de até três andares, uma grande catedral a nordeste, um
castelo seguindo para o norte. Como de costume o lugar estava cheio de
mercadores e jogadores, todos ocupados em negociações. Me distraí olhando
alguns jogadores novos sendo enganados por jogadores mercadores mais
experientes, então me lembrei que eu havia uma lista de coisas para fazer e
corri diretamente para a taverna central da cidade.
A taverna era um lugar com uma boa aparência do
lado de fora, mas por dentro era mal iluminado, cheio de mesas de madeira e
muitos jogadores conversando. Fui até a mesa do dono da taverna que ficava do
outro lado, me sentei em um banco e fiquei observando os jogadores.
- Bem-vindo a taverna da relutância. Em que posso
ajudar? – Perguntou o dono da taverna.
- Eu vou querer um pouco da sua melhor bebida,
mestre. – Respondi com um sorriso no rosto.
- Desculpe, não posso lhe ajudar com esse pedido.
Em que posso ajudar? – Falou o dono da taverna, sem mudar sua expressão.
É, realmente ele não iria conseguir me ajudar com
essas coisas, afinal ele é um NPC, um
personagem não jogável. Me levantei e fui até o quadro de avisos, onde diversas
missões são colocadas, escolhi uma que falava para eliminar alguns monstros de
um lugar próximo e fui realizar a missão.
Em pouco tempo eu havia concluído a missão e nem
havia suado para isso, entreguei a missão e recebi minha recompensa e uma
música familiar começou a tocar, olhei para o lado do monitor e o telefone
estava tocando, sorte que eu já havia terminado minha missão, afinal não se
pausa um jogo online.
Atendi o telefone, mas ele estava mudo, o que achei
muito estranho e me deixou irritado. Olhei pela janela e vi que o dia já estava
acabando. Caramba, o dia já está
acabando?, pensei, bom, vamos
aproveitar ao máximo.
Quando voltei a mexer no computador, um som
grotesco soou e me assustou, olhei ao redor da casa procurando a causa do som,
mas não havia ninguém, então senti meu estomago sendo puxado e percebi que na
verdade eu estava com fome.
Olhei para o relógio e decidi ir para uma loja de
conveniência que ficava perto de minha casa e em poucos minutos eu já estava na
rua. A rua já estava escura, sendo precariamente iluminada pelos postes de luz
espalhados na rua, poucas pessoas andavam na rua aquela hora, o que me deixou
mais a vontade.
Após eu comprar alguns salgadinhos, sai da loja e
percebi que a rua estava mais vazia que antes, achei estranho pois geralmente
tem pelo menos os bêbados andando, mas nem eles estavam por lá. Um barulho de
explosão ecoa vindo de algum lugar próximo, bem no caminho pra minha casa.
Droga, por que tinha que ser no caminho da minha casa?
Respirei fundo e comecei a andar para casa e, que
surpresa, várias sombras da metade do meu tamanho surgiram na minha frente,
quando algumas dessas sombras passaram pela luz do poste pude ver sua aparência,
eles eram realmente pequenos, tinham pele coberta de pelos azuis claros e
pareciam cachorros, cachorros bípedes? Kobolds?
Carregavam espadas, escudos, arco e flecha, lanças e até morning star, maças com esferas cheia de espinhos na ponta. É, acho
que estou ferrado.
Rapidamente eles me cercaram, ficaram rosnando e
latindo e então alguns me atacaram, consegui desviar para o lado e empurrar os
atacantes, assim como também passei a rasteira em alguns e continuei assim até
conseguir abrir um caminho para correr.
Após alguns ataques eu finalmente consegui abrir um
caminho para correr, então não perdi a oportunidade e corri como nunca, e pra
variar os kobolds me seguiram. Cara,
como eles são rápidos.
Eles estavam me alcançando quando fiz uma curva
fechada para um vão entre duas lojas, alguns deles não conseguiram passar,
outros passaram, mas bem justo. Corri até uma praça perto da estação de trem, e
esse foi o meu pior erro, na outra saída da praça, vários kobolds já me esperavam e rapidamente fui cercado, de novo.
Os kobolds
começaram a rugir e a fazer barulho com as armas, então abaixo de mim surgiu um
círculo brilhando em azul claro e cheio de símbolos. Um par de orelhas surgiu
no chão e começou a subir, uma cabeça de cachorro do tamanho de um pneu de
caminhão, um corpo de três metros de altura e um machado que deixaria qualquer
lenhador com inveja, acho que ele é o kobold
líder.
Grande, porém, lento... talvez, pensei. O
líder urrou alto e quando baixou os olhos, focou-os em mim, ele começou a babar
e então avançou na minha direção, pulei para a direita com toda minha força,
mal me posicionei e o grandão me atacou com o machado, então me joguei para
trás, rolei e quando parei me levantei rapidamente, sorrindo.
Como eu imaginava, grande, porém lento.
Minha visão ficou turva de repente, comecei a
perder forças e senti meu corpo ficar frio, menos na minha barriga, que começou
a ficar quente, olhei para baixo e vi algo que deveria estar dentro de mim caído
aos meus pés. Cai de joelhos, incrédulo com o que aconteceu, olhei para o
grandalhão e vi que ele me olhava com um sorriso, maldito.
Cai de lado no chão e minha visão começou a
escurecer, os sons começaram a sumir e meu corpo ficou totalmente pesado, minha
respiração começou a falhar até que então tudo escureceu de vez, morri.
Só que não. De repente tudo ficou branco, olhei
para baixo e vi meu corpo, ele estava inteiro, eu não sentia mais dor, nem
calor ou frio, eu conseguia me ouvir falando. Então comecei a senti algo me
apertando e quando olhei novamente para meu corpo e me deparei com ele coberto
por mãos negras, logo atrás de mim havia um olho do meu tamanho que se abriu e
ficou me observando.
- Onde estou? Eu morri, não foi? – Perguntei ao Olho
Gigante.
- Você foi escolhido para salvar o mundo de Termodius. – Respondeu o olho, não sei
como, sua voz era grossa, penetrante e solene. – E de quebra, salvará seu mundo
também. – Sua voz dessa vez saiu um pouco mais fina e num tom de “tanto faz”.
- Como assim “de quebra”? Não era esse o objetivo
desde o início? E você não respondeu as minhas perguntas.
As mãos começaram a me ajeitar até que eu fiquei
sentado em um banco feito de mãos negras, o que era meio estranho, parecia que
eu estava sendo apalpado por elas.
- Bom, como eu havia dito, você foi escolhido para
salvar o mundo de Termodius. E como
você não é de Termodius, como o bom e
velho clichê diz, seu mundo, que seria o próximo alvo do terrível mal que
assola Termodius, também será salvo.
- Entendo, então você só quer uma pessoa qualquer,
desde que consiga salvar seu mundo, certo?
- Exatamente.
- Entendo, entendo. – Fiquei um momento em
silêncio. – Até parece que eu vou te ajudar com isso! Está na cara que eu vou
morrer, de novo! Agora, me devolva para meu mundo, de preferência sem aqueles kobolds e vivo. Ah, e não tente me
recrutar novamente.
- Ok, vou ter que apelar para outro clichê.
- Outro... clichê?
- Boa sorte.
- Como assim?
O olho gigante sumiu, o banco em formato de mão
sumiu e todo o cenário branco virou azul da cor do céu e me vi caindo em queda
livre de uma altura absurdamente alta. O olho gigante voltou a aparecer do meu
lado, com uma expressão de divertimento.
- Você parece bem calmo em relação a queda.
- Se eu morrer, não tem como eu salvar seu mundo. –
Respondi, enquanto sentava no ar de pernas e braços cruzados.
- E você acha que eu irei te salvar?
- Bom, há algumas opções, você me salva, ou alguém
me salva, ou eu ganho poderes e me salvo, ou caio em algum lugar seguro.
- Ho, e por que você está tão certo que alguma
dessas opções irá acontecer?
- Porque você precisa de alguém para salvar seu
mundo, e pelo visto, você curte bastante o clichê. – Sorri de forma presunçosa.
O olho gigante começou a rir.
- Interessante, você realmente é interessante. Fiz
bem em escolher um humano viciado em jogos e vagabundo para fazer meus planos
funcionarem.
- Espera, como assim “vagabundo”? Tudo bem que eu
não trabalho e nem estudo, mas eu não sou nenhum vagabundo. Eu sou até famoso
na internet. – Estufei meu peito e dei uma batitinha nele.
- Famoso na internet, ele diz. – O olho gigante
tentou segurar um riso. – Como se isso fosse algo incrível.
- Você está tirando onda da minha cara? Assim você
não conseguirá minha ajuda.
- Ah, mas você irá me ajudar, querendo ou não. –
Dito isso, o olho gigante sumiu novamente.
- Vai me deixar aqui, caindo sem rumo? Desgraçado.
É, acho que meu fim chegou de verdade, vou morrer
agora. Desculpe por essa história ser curta e estúpida, mas é o que houve
comigo e tal.
Rá, pegadinha do malandro. Era mentira. O que
realmente aconteceu foi... Quando eu fiquei
mais próximo do chão, senti algo me fisgando, como em uma pescaria, também
senti algo em torno de meu corpo, quando olhei para meu peito haviam alças de
uma mochila, olhei para cima e um paraquedas estava aberto, de onde surgiu isso,
eu não sei, mas não importa, pois significa que a história irá continuar... ou
não.
Continua... Ou não.
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