domingo, 6 de março de 2016

FIM DE SEMANA – Parte 1.

Na história de hoje, irei contar sobre um fim de semana de um personagem fictício, fatos imaginários e situações hipotéticas. Quase como se fosse um fim de semana ideal, ou interessante.

Boa leitura.


FIM DE SEMANA

Hoje irei contar sobre o meu fim de semana. Fui para a praia com meus amigos, uma coisa extremamente rara, ir para praia. Eu sei, é normal ir para a praia, mas não para mim. Sou uma pessoa que prefere a cidade do que a praia.
Eu me chamo Hatori, sou um garoto normal como qualquer outro. Como pode perceber pelo meu nome, sou descendente de japonês e espero que você não tenha problemas com isso. Enfim, chega de enrolação...
Após horas de viagem de carro, finalmente podíamos ver a praia e o mar. Estávamos em quatro amigos e passaríamos o fim de semana na praia, apenas dois dias. Chegamos na manhã de sábado na pousada que os pais de meu amigo eram donos.
A pousada parecia ser simples e no estilo oriental, o muro de fora era cercado por bambus e a estrada para o prédio era de madeira, o piso em volta era de areia branca com desenhos de ondas e pedras grandes em determinados pontos.
Paramos do lado de fora, uma área para desembarque dos hospedes. O dia estava bem abafado e o sol já estava forte, só de abrir a porta do carro eu comecei a suar, saudades do ar condicionado.
- Vamos, saia logo do carro Hatori, vamos fazer o check-in. – Chamou Gustavo, filho dos donos da pousada, um garoto alto, cabelos loiros e enrolados, barba por fazer e vestido igual a um surfista.
- Preciso mesmo ir com vocês? Não posso ficar no carro com o ar condicionado ligado?
- Cara, tem ar condicionado no quarto, você pode ficar jogado em um canto lá. – Lembrou André, meu outro amigo, mesmo tamanho que eu, um cara simples, óculos quadrados, cabelo bem arrumado, camisa do star wars e uma bermuda jeans clara.
- É uma boa ideia, aproveita e leva as malas para o quarto também. – Sugeriu Franklin, o mais baixo do grupo. Vestia uma camisa branca com uma estampa de tigre, uma bermuda rasgada e uma blusa na cintura. Seu cabelo liso e cortado em moicano.
- Não, o carro está bom.
Me deitei no banco de trás e pouco tempo depois ouvi a porta do carro bater, me levantei e meus amigos me olhavam do lado de fora com um sorriso. O carro estava desligado, todas as janelas estavam fechadas e a temperatura dentro do veículo começou a subir, tentei abrir a porta, mas meus amigos impediram que eu saísse.
- Sacanagem isso. Me deixem sair, querem um asiático assado?
Eles riram, mas abriram a porta. De vingança, pulei do carro e corri para abraça-los, para secar meu suor neles, todos correram de mim e começamos a gargalhar como crianças. Paramos de correr e fomos fazer o check-in, enquanto um fazia o check-in os outros levavam as malas para o quarto.
O quarto era grande, um grande cômodo quadrado com portas de correr do outro lado que davam em uma pequena varanda com duas cadeiras. Do lado esquerdo havia um armário, também com portas de correr, onde eram guardados os futons, cobertas usadas como cama, e alguns quimonos, roupas orientais que pareciam roupão de banho.
Deixamos nossas malas no armário e fomos até a recepção pedir algumas informações. Enquanto Franklin e André conversavam com Gustavo, resolvi passear pela instalação. Andei pelo lugar sem rumo, explorando a pousada e acabei achando a área de lazer, lá tinha diversas mesas de jogos, de sinuca, ping-pong, entre outros.
Então eu a vi, uma garota ruiva, de olhos claros, algumas sardas no rosto e usando um quimono da pousada, estava sentada em uma cadeira do outro lado da área de lazer, estava lendo um livro que reconheci pela capa, um livro que eu estava lendo também. Pensei se devia ir falar com ela, mas como sou uma pessoa muito tímida, resolvi não em arriscar, dei meia volta e fui me encontrar com meus amigos.
A primeira coisa que eles falaram ao me ver foi “vamos para a praia agora”. E obrigatoriamente fui para a praia naquele sol escaldante. A pousada não era muito distante da praia, cerca de cinco minutos de caminhada. Chegamos na praia e vimos o mar de gente, parece que muitos tiveram a mesma ideia de passar o fim de semana na praia. Andamos por alguns minutos e finalmente encontramos um lugar para deixar nossas coisas. Montamos o guarda sol, colocamos a toalha na areia e meus amigos largaram suas cosias próximos do guarda sol e correram para a água, eu fiquei encarregado de olhar nossas coisas em troca de me pagarem o almoço.
Diversas pessoas jogando vôlei de praia, outros caminhavam ou corriam próximos ao mar, crianças chorando, gente conversando, a praia estava um inferno, mas o som do mar estava mais alto que o das pessoas então chegava a ser suportável.
Me deitei e fechei os olhos, péssima escolha. Uma bola veio direto na minha cara e uma voz de garota vinha na minha direção.
- Desculpa! Acabei jogando muito forte! Você está bem?
Me levantei, esfreguei o rosto e olhei para a garota, para a minha surpresa ela era uma conhecida.
- Sara? O que você está fazendo aqui?
Sara é a namorada de André, uma garota com incríveis 1,50 metros, de cabelos pretos e lisos, olhos castanhos claros e um físico de jogadora de futebol.
- Hatori? Se você está aqui, quer dizer que os meninos também estão. – Deduziu a garota.
- Você veio com quem? – Perguntei.
- Com minhas amigas. Por que? As meninas vão adorar que vocês estão por aqui. – Sorriu a garota.
- Por que elas iriam adorar? E por acaso André ou alguém comentou algo com vocês de que iríamos vir para a praia?
- Não, apenas tivemos vontade de vir para a praia e lembramos que os pais do Gustavo são donos de uma pousada aqui perto.
- Vocês também estão hospedados lá?
- Como assim “também”? Vocês estão hospedados lá? Isso é muita coincidência.
- Bom, nós estarmos lá não é algo fora do normal, afinal o Gustavo está conosco. Mas realmente, isso é muita coincidência, se tivéssemos combinado, nunca nos encontraríamos. – Sorri.
- É verdade.
- Sara? O que você está fazendo aqui? – Perguntou André que havia voltado do mergulho.
- A mesma coisa que vocês, passeando.
- E elas estão hospedadas na pousada do Gustavo. – Comentei.
- Sua stalker. – André soltou uma risada despreocupada.
- Seu besta, vou chamar as meninas. Já volto.
- Você chamou elas? – Perguntou André.
- Não, você?
- Não.
- Aproveitando que você voltou, fique aqui, vou dar uma olhada nas barracas de comida ali na frente. – Me levantei e fui andar.
André se sentou e apenas acenou para mim. O sol estava realmente forte, facilmente você conseguiria um bronzeado. Tinha muita gente nas barracas, mas as filas andavam rápido. Tinha comida de quase todos os tipos, tinha principalmente comidas feitas de frutos do mar e o preço era bem salgado.
Em um canto mais afastado da multidão, uma garota ruiva olhava para os lados, parecia perdida. Ela estava usando um biquíni vermelho, que combinava com seus cabelos, uma toalha como saia e tinha um corpo esbelto. Fiquei observando-a por um tempo e quando resolvi ir falar com ela, dois homens de sunga abordaram ela. Pensei que ela ficaria bem e já ia embora então dei uma última olhada nela, quando percebi que seus olhos tinham uma expressão amedrontada eu fui em sua direção.
- Achei você! Você não devia sair andando por ai sozinha, vai acabar perdida. – Gritei ao me aproximar da garota, segurei sua mão, olhei em seus olhos e então a puxei gentilmente. – Vamos, o pessoal está nos esperando.
Ainda bem que os caras não quiseram arrumar encrenca, mas acho que era porque eu acabei chamando a atenção das pessoas ali perto quando me aproximei. Nos afastamos até eles sumirem de vista então a soltei e me virei para a garota.
- Você está bem? Fiz algo desnecessário?
- Sim, estou bem. Obrigada por me ajudar. – Respondeu a garota com a voz fraca.
- Está perdida? Posso te levar até um posto policial aqui perto, se quiser.
- Não, está tudo bem. Logo minhas amigas vão aparecer.
Essa garota parecia bem assustada e com aqueles dois caras abordando-a do nada deve ter deixado ela mais assustada. Esperava que as amigas dela estivessem por perto e comecei a olhar ao redor para ver se achava alguém procurando por algum conhecido.
Olhei novamente para a garota e uma imagem me veio a cabeça, a garota na posada lendo aquele livro que eu estava lendo. Será que era a mesma garota, pensei? Esse dia estava cheio de coincidência, e isso para mim não era um bom sinal.
- Iris! Cadê você? – Gritava uma garota distante.
Automaticamente a garota ao meu lado começou a procurar a pessoa que gritava, acho que o nome da ruiva é Iris.
- Você se chama Iris? – Perguntei.
Ela apenas acenou com a cabeça de forma positiva, então comecei a procurar a garota que estava gritando. Não muito distante de onde estávamos, uma garota alta de cabelos pretos e curtos, usando um biquíni de cor rosa, andava em nossa direção e ao avistar a ruiva ao meu lado, ela parou, olhou e então saiu correndo, gritando.
- Jack! Achei a Iris! Corre aqui! – Gritava a garota.
Como se não se visse a anos, a garota chegou abraçando Iris, deixando-a sem ar e com vergonha. A garota recém-chegada chorava de alivio e uma outra garota se aproximou. Uma garota do meu tamanho, loira de cabelos longos e lisos, olhos verdes e um sorriso encantador, vestia um biquíni verde com detalhes em preto.
- Iris! Está tudo bem com você? Não está machucada? – Perguntou a loira.
- Não, eu estou bem. Graças a ele. – Respondeu a ruiva apontando para mim.
As duas garotas me olharam, na hora fiquei com vergonha, nunca havia sido encarado por garotas tão bonitas antes, mas conforme o silêncio predominava, comecei a ficar desconfortado.
- Bom, já que você se encontrou com suas amigas, vou indo. Tchau.
- Espere. – Falaram a loira e a morena, ao mesmo tempo.
- O que foi? Eu não fiz nada. – Respondi.
- Nós queremos apenas te agradecer. Qual seu nome? – Perguntou a loira.
- Logo vocês esqueceriam meu nome, não há necessidade disso. E não precisam me agradecer, apenas fiz por fazer. – Me virei e comecei a andar.
Voltei para onde meus amigos estavam e curtimos o resto do dia na praia, voltamos apenas quando o sol se pôs. De volta a pousada, fomos direto tomar banho. Não tinha lugar para tomar banho no quarto, pois a pousada tinha um local para banho em conjunto, separado por homens e mulheres.
O banho público era um lugar enorme, uma banheira tão grande que parecia uma piscina, uma parede do lado direito estava cheia de chuveiros e banquinhos, o lugar bem abafado.
- Ai, meus ombros estão me matando. – Comentou André.
- Também, quem mandou não passar protetor solar? – Riu Gustavo.
- Você também devia ter passado protetor, Gustavo. Parece que te jogaram em uma grelha e te esqueceram. – Caçoou Franklin.
- É verdade. Gustavo está bem passado. – André começou a rir, mas parou e começou a gemer de dor pois Gustavo havia batido em seu ombro.
- E você Hatori? Por onde andou na hora do almoço? Não o encontramos em lugar algum. – Perguntou Gustavo enquanto apertava o braço de Franklin, que estava vermelho.
- Eu? Ah, só andei pela praia. – Respondi meio distante.
- Você? Andando pela praia? Que milagre foi esse? – Perguntou André, desconfiado.
- Não posso mais andar pela praia?
- Você nem gosta de praia, por que andaria por ai? – Franklin apertava as costas de Gustavo com um dos pés enquanto André o segurava.
- Ok, estava procurando algo para comer.
- Bom, isso é mais aceitável. Ei, a Sara está hospedada nessa pousada também. – Comentou André, feliz.
- Está? – Perguntou Gustavo enquanto corria atrás de Franklin.
- Sim, e ela falou com o Hatori. Ela queria fazer um teste de coragem hoje a noite, aproveitar que nos encontramos aqui e que ela está com as amigas.
- Sara está com as amigas? Opa, quando vamos conhece-las? – Gustavo abraçou André.
- Desgruda, e ela disse para nos encontrarmos no templo que fica perto da pousada.
- Templo? Não acho uma boa ideia. – Respondeu Franklin.
- Qual é? Vai dizer que está com medo, Franklin? – Gustavo zoou seu amigo.
- Cara, templo. Nunca brinque com essas coisas sobrenaturais, nunca dá certo.
- Para de frescura, até o Hatori vai.
- Eu? Como assim?
- Pois é, Sara foi bem clara. Pediu para todos nós irmos. Parece que vai dar par para todos.
- Mas... se der par para todos, quem vai assustar os outros? – Perguntei, pensativo.
- Bom, Sara disse que está querendo assustar uma das amigas dela, então provavelmente eu e ela ficaremos de fora... para assustar. – Sorriu André.
- Eu posso assustar os outros. – Se candidatou Franklin.
- Não, você vai para o teste de coragem. Eu ajudo o André e a Sara. – Sugeriu Gustavo. – Afinal, conheço bem aquele templo.
- Verdade, vai ser de grande ajuda. – Disse André.
- Então está combinado, vamos terminar logo o banho! – Gustavo soou mais alegre com a programação noturna.
Após o banho, nos trocamos e fomos nos encontrar com as garotas no templo. Para chegarmos ao templo, tivemos que subir uma escadaria imensa e no final dela havia um torii, uma espécie de portão japonês, dois troncos pintados de vermelhos postos um do lado do outro a uma distância que correspondia a passagem da rua, uma madeira retangular no alto, também de vermelho e uma outra madeira retangular, maior que a outra, com telhados.
Esperamos por alguns minutos então as garotas apareceram, Sara estava usando um short curto e camisa cinza com uma estampa de engrenagens que davam a forma de um coração, suas amigas vinham logo atrás da garota.
Coincidência ou não, eu conhecia as garotas atrás de Sara, a ruiva, a loira e a morena que encontrei aquela tarde na hora do almoço, na praia. Quando elas me viram, a loira apontou para mim.
- Você! Não acredito que nos encontramos de novo!
- Verdade, acho que é obra do destino. – Sorriu a morena.
- Vocês se conhecem? – Perguntou Sara.
A ruiva apenas acenou positivamente com a cabeça.
- Sim, ele ajudou a Iris, que se perdeu naquela hora na praia. – Comentou a loira.
- É? Esse Hatori, não consegue ver uma garota com problemas que já vai ajudá-la. Coração mole. – Sara sorria para sua amiga enquanto se aproximavam de nós. – Olá garotos. Essas são minhas amigas, Iris, Jack e Cátia.
- Olá. – Disseram as garotas em uníssono.
- Oi. – Respondi, o único que conseguiu falar algo, meus amigos ficaram fazendo um som parecido com “ãn-ho-e”.
- Poderiam parar de babar, por favor? – Pediu Sara. – Finjam serem pessoas civilizadas.
- Acho muito difícil isso, Sara. – Comentei.
Na hora meus amigos saíram do transe e vieram me agarrar, Gustavo me deu um “mata leão”, André e Franklin agarraram minhas pernas e começaram a me balançar.
- Soltem ele, idiotas. – Debochou Sara. – Vamos, cumprimentem minhas amigas direito.
Gustavo me soltou, fazendo eu bater a cabeça no chão, e quando foi se apresentar para a ruiva, ela desviou dele e veio até mim.
- Você está bem? Machucou a cabeça?
- Eu estou bem, essas coisas costumam acontecer. – Sorri de forma desajeitada.
Franklin chegou perto do Gustavo enquanto observava a cena e cochichou algo para ele. André foi cumprimentar sua namorada direito enquanto se apresentava para as outras garotas.
- Qual seu nome? – Perguntou a ruiva para mim.
- Hatori. – Respondi enquanto massageava minha nuca.
- Eu me chamo...
- Iris. – A garota me olhou, corada. – Sim, eu lembro seu nome. Prazer em te conhecer, Iris.
A ruiva apenas desviou o olhar, constrangida, parece que ela é bem tímida. Me levantei e acenei para as outras duas garotas.
- Bom, já que decidimos o papel de todos, vamos nos separar. – Disse Sara.
Sara, André, Gustavo e Jack se afastaram do grupo e adentraram o templo.
- Eles pediram para ficarmos aqui por um tempo, para eles arrumarem tudo lá dentro. – Franklin comentou comigo enquanto as garotas conversavam, excitadas. – Não gosto da ideia de eles irem arrumar as coisas, Gustavo é meio exagerado quando se trata de coisas sobrenaturais.
- Mas vai ser, no mínimo, interessante. Pense como uma experiência única. – Confortei meu amigo, que tremia, de frio ou de medo, eu não sabia e não o culpava.
Ficamos conversando para passar o tempo, conversas aleatórias, assuntos banais e simples, até que recebemos uma mensagem pelo celular dizendo que estava tudo pronto, tinha até instruções.
Devíamos decidir qual casal iria na frente para realizar um determinado percurso, o outro casal deveria esperar mais dez minutos para então realizar o mesmo percurso do casal que foi na frente, deixei Franklin ir na frente para acabar de vez com seu sofrimento, o garoto me olhou com olhos agradecidos antes de partir ao lado da Cátia.
Percebi que Iris tremia, então resolvi mudar um pouco sua atenção.
- Quantos anos você tem, Iris? – Perguntei da forma mais relaxada possível.
- Dezoito, por que? – Respondeu a garota, ainda tremendo.
- Curiosidade. Está com frio?
- Na verdade, não, só um pouco nervosa. – A garota olhou para mim e sorriu. Ela estava tentando ser forte, gostei.
- Não precisa ficar nervosa, vai ser divertido. – Sorri.
- Não é nada divertido tomar susto.
Segurei a mão da garota e ela olhou para mim, assustada.
- Não, mas essa adrenalina que você está sentindo é algo que vicia, então aproveite o momento, não fique tensa, não tenha medo de expressar o que estiver sentindo.
Iris parou de tremer, acho que consegui mudar um pouco o foco dela. Ficamos olhamos nos olhos um do outro por alguns segundos então ela começou a corar, assim como eu também comecei a ficar vermelho de vergonha, rapidamente soltamos as mãos e viramos nossos rostos.
Um momento desconfortável, mas interrompido por um bipe, uma mensagem dizendo que podíamos ir para o teste de coragem. Me virei para a garota e me deparei com ela me olhando de forma determinada e sorrindo. É, esse teste de coragem vai ser realmente interessante.

Continua.

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