sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

DESEJO – Parte 2.

Segunda parte da história DESEJO.

Leiam com moderação. Obrigado.



DESEJO – Parte 2.

No dia seguinte, Leo foi visitar sua nova amiga, Mari.
Andou pelos corredores do hospital, cumprimentava os médicos e enfermeiras que passavam por ele até chegar ao quarto da garota.
Como havia feito na noite passa, Leo bateu três vezes com os nós dos dedos e então abriu a porta e entrou no quarto, fechando-a atrás de si.
Mari estava sentada na mesma posição da noite em que se viram pela primeira vez, o sol brilhava e dava uma cor viva ao rosto da garota. Visto a luz do sol, Leo percebeu que o rosto da garota era delicado e ao mesmo tempo fofo, Leo teve que lutar contra uma vontade imensa de apertar as bochechas da garota.
A garota se virou e viu Leo parado junto a porta, olhando fixamente para ela. Mari corou ao mesmo tempo em que puxava a coberta para mais perto do corpo.
- Calma, não irei fazer nada. Eu prometo. – Apressou-se a dizer. – O que a Iris falou ontem sobre mim, era mentira. Ela só queria que fossemos embora logo. Desculpa.
A menina continuava desconfiada, mas soltou a coberta. Ficaram se olhando por alguns segundos quando Leo percebeu que a encarava de mais então desviou o olhar.
- Então, Mari, a quanto tempo você está aqui? – Perguntou sem jeito.
Mari ficou encarando Leo enquanto ele ficava mais ainda sem jeito.
- Dei entrada semana passada. – Respondeu a garota com sua voz doce e suave.
Leo sorriu vendo que a garota resolveu conversar com ele, ou pelo menos responder a algumas perguntas. O garoto se aproximou lentamente, não queria assusta-la mais ainda.
- Onde estão seus pais? – Uma pergunta idiota, mas foi a primeira coisa que Leo havia pensado.
- Não sei.
- Não foram eles que te trouxeram?
- Não.
- Quem te trouxe? – Perguntou Leo, estranhando o rumo da conversa.
- Policiais.
Ao se aproximar, Leo percebeu que os olhos da garota estavam sem vida, como se ela fosse desprovida de sentimentos. Apenas o medo e a desconfiança permaneceram em seus olhos. Ela deve ter tido uma infância difícil, pensou Leo.
O garoto ficou alguns segundos pensando no que dizer então resolveu mudar de assunto.
- Você consegue andar? Sair da cama e tal?
- Um pouco.
- Gostaria de ir para algum lugar? Posso te levar para onde quiser, só pedir.
- Em troca de que?
A frieza com que a garota respondia deixou Leo atormentado. Definitivamente algo aconteceu com ela.
- Apenas sua amizade, e confiança. – Leo olhou determinado para a garota.
Mari percebeu que Leo continuaria insistindo então resolveu deixar o garoto fazer o que queria.
- Por que você quer tanto me ajudar?
- Preciso de um motivo para realizar alguns desejos de uma pessoa doente?
A garota olhou desconfiada para Leo. Analisou-o de cima a baixo então relaxou os ombros.
- Você venceu.
- Isso! Vamos, peça o que quiser que eu realizarei seu pedido.
- Quero sorvete de chocolate.
- O que? Mas não são nem dez horas.
- Você não disse que realizaria meus pedidos?
Leo suspirou e saiu do quarto. A garota ficou olhando para a porta por alguns instantes. Pronto, agora ele não irá mais vir aqui, pensou.
Passaram-se trinta minutos desde que Leo havia saído do quarto, Mari olhava para a porta de seu quarto imaginando se o garoto realmente faria o que havia dito ou se tinha desistido. Passaram-se mais dez minutos quando a porta é aberta abruptamente, era Leo que havia entrado correndo no quarto, um dos braços estava passado pela cintura como se estivesse com dor de estomago.
O garoto estava suado, seu rosto estava vermelho e seus chinelos estavam sujos, sua barriga parecia mais úmida que o restante de seu corpo. Eles se olharam por alguns segundos então Leo tira debaixo de sua camisa um pote de sorvete de quinhentos ml.
Leo se senta na ponta da cama e entrega o sorvete para a garota, que começa a comer toda feliz. Ela olha para o garoto, cansado e suando, e oferece o sorvete para ele. Leo sorri com o gesto de Mari e aceita, ambos comeram o sorvete enquanto Leo contava como havia conseguido o sorvete.
Leo e Mari passaram o dia todo conversando, Dilan e Iris se juntaram de tarde. Brincaram a tarde toda, riram a tarde toda, se divertiram como nunca. A noite chegou voando e os gêmeos voltaram para seus quartos enquanto Leo e Mari ficaram olhando para a lua cheia.
- Leo... – Começou a garota.
- Hum?
- Eu queria te pedir uma coisa.
Leo se surpreendeu com a iniciativa da amiga, Mari havia feito apenas um pedido desde que ele prometeu realizar seus desejos, o sorvete de chocolate.
- Pode pedir, realizarei o que você desejar.
A garota sorriu para seu amigo e então voltou a olhar para a lua.
- Eu quero ver a lua.
- Mas você já não está a vendo?
- Sim, mas não daqui. Eu quero ver a lua de um lugar especial, o lugar que meu pais me mostram antes de morrerem.
Era a primeira vez que a garota falava de seus pais abertamente com Leo, as tentativas passadas só fizeram com que ela evitasse o assunto cada vez mais, o garoto percebeu que ela finalmente estava confiando nele.
- E onde seria esse lugar?
- Ele fica um pouco longe daqui, fica logo depois que você sai da cidade. Há uma estrada de terra que nos leva para uma colina, e no final dela há uma pedra grande onde pode-se se sentar para ver a cidade.
- Fora da cidade?
- Sim, mas é difícil chegar lá, mas vale a pena, a paisagem é de tirar o folego. Foi lá o último lugar que visitei com meus pais anos atrás.
- Eu... – Leo não terminou a frase, ficou pensativo.
- Desculpe, é um pedido impossível. Esqueça. Esse não conta. – Mari sorriu, mas seus olhos estavam marejados.
- Mari. – A voz de Leo soou preocupado.
- Acho que está na hora de você ir, Leo. Tchau.
- Mas, Mari...
- Tchau Leo, por favor.
Sem dizer nada, Leo sai do quarto e fecha a porta atrás de si, antes que começasse a andar ele ouvir Mari chorando. O garoto abaixou a cabeça, triste, e refletiu por alguns instantes então tomou uma decisão, ergueu a cabeça e saiu a passos firmes hospital a dentro.

Fim Parte 02

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