sábado, 7 de novembro de 2015

PRATEADO

Jogar online, ser famoso no seu canal de vídeos favoritos, quem nunca sonhou com isso pelo menos uma vez? Imagina então se você fosse tudo isso e recebesse uma mensagem estranha, com um link para clicar. Suspeito não? Veja o que acontece, caso você viva no meu universo particular chamado imaginação, quando se clica em um link suspeito desses.

Boa leitura.


PRATEADO

Mais um dia como todos os outros. Acabei de fazer upload de um novo vlog no meu canal de vídeos, também terminei de gravar um novo vídeo para a próxima semana. Então resolvi responder algumas perguntas dos fãs.
Haviam diversas mensagens, sejam elas de incentivo e elogios como também de insultos e críticas, mas nada que me fizesse parar com meus vídeos. Entre as mensagens que recebi, uma delas era definitivamente estranha, ela soava como um desafio e tinha um link para eu clicar, será que é vírus? Resolvi clicar no link, afinal, não fujo de desafio algum.
Meu monitor desligou, as luzes de meu quarto se apagaram, o som que vinha da rua sumiu, um silencio e escuridão absolutos dominaram, não senti medo, apenas fiquei apreensiva. Esse fenômeno, ele me é familiar, mas de onde?
Vasculhei os cantos de minha mente, mas não lembrava de nada. Fiquei ali o que pareciam horas. Quando estava quase dormindo, um feixe de luz surgiu a poucos metros de distância. Ele estava iluminando um colar, de longe não dava para ver os detalhes, mas podia-se ver um formato familiar.
Me aproximei, peguei o colar e comecei a analisa-lo. Era um colar simples, correntinha folhada a ouro, não muito grande. O pingente era no formato de um dragão, quatro patas escamosas e longas, um corpo corpulento e cheio de músculos, asas tão grandes que conseguiam esconder o dragão inteiro, sua cabeça era semelhante à do pokemon Charizard. Era um colar muito bonito.
- Se gostou do colar, por que não o experimenta?
Uma voz veio de todos os lados, não conseguia saber de que direção vinha. A voz era rouca, porém firme e confiante.
- Quem está ai? Mostre-se! – Na verdade, eu não queria saber, estava começando a ficar com medo.
- Não se apresse, tudo a seu tempo. Vamos, coloque o colar e vamos nos divertir.
Não sei por que, mas imaginei que ele estava sorrindo ao me provocar assim e isso me deixou bem mais irritada do que com medo.
- Você fala em diversão, mas não aparece, fica escondido. Como iremos nos divertir assim?
- Personalidade forte a sua, eu sabia que havia escolhido a pessoa certa. Afinal, nos conhecemos a milênios.
- Como assim “milênios”? Está me chamando de velha?
- Humanos, realmente não entendem nada.
- Então me explique! – Não entender nada era tão frustrante quanto saber metade da informação, odiava isso.
- Coloque o colar e tudo será explicado.
Não consegui rebater esse argumento, fiquei completamente tentada a colocar o colar. Sou uma pessoa curiosa, não posso fazer nada. Se um completo estranho fala que uma chave pode abrir um determinado baú e que nesse baú há o segredo mais profundo do mundo, eu ficaria muito tentada a saber o que é esse segredo.
Acho que ele percebeu meu momento de hesitação pois começou a gargalhar, eu não vi graça alguma.
- Vamos, coloque. Todas as suas dúvidas serão esclarecidas. – A voz me atiçava cada vez mais.
Essa voz, tinha algo nela que me deixava tentada a obedece-la. Era como se fosse um encanto, uma ordem.
- Não fique acanhada, Milena. Sei muito bem que você quer experimentar esse colar, veja. – Outro feixe de luz surgiu em cima de um espelho. – Prove o colar e se admire no espelho. Verá como você ficará linda com esse colar.
- Está me xavecando? Sério mesmo? – Uma voz do além me xavecando? Eu mereço, viu. – Espera, como você sabe meu nome?
- Se você acha que estou tentando te cortejar, está muito enganada minha jovem. Não preciso te cortejar para você ser minha, pois você já é minha.
- Desde quando?
- A milênios de anos atrás. Se não acredita em mim, ponha o colar e você descobrirá a verdade.
Ele soou bem confiante. Resolvi colocar o colar, assim como ele dissera. Espero fortemente que isso não seja uma armadilha ou coisa assim, sou muito nova para morrer.
Coloquei o colar, nada aconteceu. Esperei um pouco pensando que podia ser que algo tenha dado errado, ou talvez fosse um atraso no que é que seja que ele tenha planejado, mas nada. Quando abri a boca para falar, o lugar todo se iluminou.
Eu não estava mais em meu quarto e sim no meio da galáxia, um lugar brilhante, cheio de luzes roxas, brancas, amarelas, vermelhas, um lugar espetacular. Qualquer astrônomo mataria para estar no meu lugar, tenho certeza.
- Agora que você está com o colar, conseguirá me ver.
Me virei para o lado em que a voz vinha e quase cai de bunda no chão. Juro que pensei que era um monstro ou um velho falando comigo, mas me enganei profundamente. Ele era jovem, aparentava ter vinte e poucos anos, no máximo. Seu cabelo era curto e rebelde de cor prateada, lisos e parecia macio. Seus olhos eram de um vermelho vivo, hipnotizante. Seu rosto tinha uma feição jovial, e sua barba rala dava muito charme.
Usava uma camisa preta justa, o que marcava seu corpo bem definido, uma calça jeans preta e um tênis-sapato com cano médio de cor cinza completava o look.
Comparado a ele, eu estava um trapo. Meu cabelo estava totalmente bagunçado, como se eu tivesse acabado de acordar. Estava usando uma camisa branca, grande e larga, com a estampa “I You”, bem gay, que vinha até pouco acima de minhas coxas, um shortinho jeans por baixo e meias cumpridas, coloridas, até acima dos joelhos. Definitivamente eu não estava apresentável.
- Você é muito bonito. – O que diabos eu falei? Não tinha algo mais importante para falar?
- Obrigado. Você também é muito bonita, está mais bonita do que antigamente. – Sorri. – Agora, vamos ao assunto. Preciso de sua ajuda.
- Minha ajuda? Por que? Eu nem te conheço, como pode vir pedir minha ajuda assim, do nada?
- Claro que me conhece, apenas não lembra. E não é do nada, eu a alertei quando nos conhecemos de que precisaria da sua ajuda no futuro.
- Ok, então vamos do começo. Qual o seu nome?
- Me chamam de Silver, por motivos óbvios, mas meu nome é Henry. Preciso de sua ajuda, Milena.
- O que eu preciso fazer? Não que eu confie em você.
- Apenas me empreste sua força, lute comigo para salvar meu reino, meu mundo.
- Salvar seu mundo? Salva-lo de quem?
- Do Lorde Cromático.
- Quem? – Minha pergunta saiu um pouco mais alta do que deveria, droga.
- Lorde Cromático, ele surgiu em meu mundo como apenas um viajante, mas logo conquistou alguns seguidores e derrubou o rei, dominou nosso mundo. E agora, preciso de forças para lutar contra ele, lutar para reconquistar o que nos foi tomado. Eu preciso de você. – Silver estendeu sua mão para mim.
Tentador? Sim. Muito? Claro. Aceitei? Não, pelo menos não de imediato. Pensei um pouco, levei em consideração as coisas que tem acontecido comigo. Meu dia-a-dia, meu passado e meu futuro. Resolvi ajuda-lo, minha vida estava muito parada. Sorri para ele e segurei sua mão.
- Ok, vamos nessa.
Ele sorriu de volta.
- Muito obrigado, quando o momento chegar, eu lhe chamarei.
Silver brilhou intensamente, como se fosse explodir, brilhou tão forte que começou a me ofuscar. Quando as luzes reduziram e eu consegui enxergar novamente, eu estava em meu quarto bagunçado, deitada no chão, como se tudo aquilo não passasse de um sonho.
Fiquei deitada por um tempo, pensando no que houve. Resolvi me levantar e olhar no relógio, não se passara nem um minuto desde que eu terminei de gravar meu vídeo, será que não foi alucinação? Me virei e fui para o banho. Mal eu sabia que em minhas costas havia uma tatuagem de dragão tribal e em cima da mesa, um colar dourado. Ambos brilharam levemente um prateado luar.

Continua.

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